quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Chuvas causam transtorno em Belo Horizonte no início de 1983.



No dia 21 de janeiro de 1983 o Diário de Minas publicou uma matéria sobre o perigo de inundação no bairro Pirajá, trazendo junto as doenças típicas da água contaminada das enchentes. Já no dia 25 o jornal noticiou que o número de desabrigados passava de 3 mil e que cresceram consideravelmente o número de solicitações na Secretaria Municipal de Saúde para o combate a ratos e escorpiões em diversos bairros da cidade. 
Dois dias depois o periódico veiculou uma nota sobre a morte de mais três pessoas em consequência das chuvas e citou as interdições de estradas no interior do estado.
No dia 29 de janeiro uma matéria do jornal focou os aspectos do início das obras de recuperação em BH, no que dizia respeito à malha viária, depois das chuvas do começo do mês. No total, estavam previstas obras para a recuperação de 700km de vias, dando-se prioridade àquelas onde o fluxo de transporte coletivo é mais intenso.
O mês de fevereiro começou com quase 20 escolas sem aulas, uma vez que muitos flagelados estavam abrigados em seus prédios. 16 escolas estaduais tiveram o início das aulas remarcado para o dia 17 de fevereiro, em consequência da falta de condições sanitárias.
O Diário de Minas salientou que para recuperar BH seriam necessários 6 bilhões de cruzeiros . O presidente da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais, Nylton Velloso, solicitou ao Secretário da Fazenda, Paulo Haddad, uma prorrogação do prazo para entrega dos laudos periciais referentes aos danos causados aos comerciantes em BH.

Diário de Minas, 21/01/1983. 
Diário de Minas, 25/01/1983. 
Diário de Minas, 27/01/1983. 
Diário de Minas, 29/01/1983
Diário de Minas, 03/02/1983.
Diário de Minas, 04/02/1983.
Diário de Minas, 05/02/1983.



Chuvas em Minas Gerais – a situação das cidades do interior segundo o Diário de Minas.



Durante os meses de janeiro e fevereiro de 1983 o Diário de Minas informou sobre a situação das cidades do interior que sofriam com as chuvas intensas naquela ocasião. 
A previsão meteorológica para janeiro era de ocorrência de chuvas contínuas nas Zonas da Mata e Metalúrgicas e no Triangulo Mineiro. Já no final de janeiro o número total das ocorrências efetuadas pela CEDEC no Estado contabilizavam 181 os municípios atingidos.
Em nota o periódico elencou as cidades mais atingidas pelas fortes chuvas: Barbacena, Caratinga, Diamantina, Governador Valadares, Juiz de Fora, Lavras, Pedra Azul e Pirapora.
As cidades de Virgem da Lapa, Três Corações e Ubá também sofreram com inundações e desabamentos e duas crianças morreram em Simão Pereira. 
Com relatos de estradas com trechos impedidos por deslizamentos e/ou inundações muitas viagens ao interior do estado foram canceladas em decorrência do péssimo estado das estradas após as chuvas. São citadas as cidades de Brumadinho, Suzana, Bonfim, Esmeraldas e Caio Martins.
Em fevereiro as cidades mais atingidas eram Araxá, Bambuí, Capinópolis, João Pinheiro, Patos de Minas, Sete Lagoas, Arinos e Paracatu. A cidade de Estrela do Sul decretou estado de calamidade pública;
O rio São Francisco transbordou entre Piumhí e Bambuí, deixando a ponte São Leão inundada, e em Pirapora, onde 194 pessoas ficaram desabrigadas.
Segundo o balanço da CEDEC o mês de fevereiro teve início com 4036 desabrigados, 1241 casas destruídas, 1605 casas danificadas, 42 pontes danificadas, 37 pontes destruídas, 219 municípios atingidos, 84 mortos.


Diário de Minas, 20/01/1983. 

Diário de Minas, 25/01/1983.

Diário de Minas, 02/02/1983.

Diário de Minas, 05/02/1983.





Rio Arrudas



Em 20 de janeiro de 1983 o Diário de Minas veiculou uma matéria sobre um documento elaborado pela SME, o IAB e a AMDA que seria entregue ao governador Tancredo Neves, abordando sete itens e trazendo possíveis soluções para os problemas do rio Arrudas.
Segundo o presidente da SME, Aloísio Vasconcelos: 
“A cidade deve ser olhada através das prioridades, e a primeira delas é, sem dúvida, o Rio Arrudas”. (...) Nós, engenheiros, achamos que até o subemprego é desejável, desde que isso fixe o homem nas periferias, como por exemplo, por meio de mutirão. (...) Somos a favor de que se crie condições de moradias não pelo sistema financeiro BNH, porque isto não permite a erradicação de favelas inseguras (...). Sugerimos que esta construção seja através do Finsocial (...). Outra coisa que é necessária para a cidade seria a criação de cidades diques para evitar a vinda do homem do interior para a cidade, pois BH precisa parar de receber pessoas (...). É preciso que se humanize a cidade e de faça um cinturão para evitar a vinda do homem do campo para a cidade”. 

Na mesma ocasião, o vereador Antônio Carlos Carone fez um pedido para que fosse realizado um sorteio extra da Loteria do Estado de MG, com a renda revertida aos desabrigados da enchente do Rio Arrudas.

No dia 08 de fevereiro de 1983 o Diário de Minas publicou uma nota acerca da constituição da CPI sobre a situação do Rio Arrudas, na CMBH. A CPI visava debater os problemas e as soluções para as recorrentes enchentes do rio, assim como a aplicação de recursos. Posteriormente o jornal informou sobre a ação judicial movida pelos moradores do Conjunto Habitacional Tereza Cristina, no bairro Calafate, que fica às margens do Rio Arrudas, contra a PBH e o BNH, pedindo indenizações pelas perdas e danos causados pela enchente.



Diário de Minas, 20/01/1983. 

Diário de Minas, 08/02/1983. 

Diário de Minas, 09/02/1983.


Conjunto Habitacional Morro Alto



O conjunto habitacional Morro Alto localizado em Vespasiano foi tema de várias matérias veiculadas pelo Diário de Minas em janeiro e fevereiro de 1983. No dia 20 de janeiro o jornal informou sobre o início das transferências dos desabrigados das chuvas do começo do mês, em BH, para as novas casas no Conjunto Habitacional Morro Alto. Estiveram presentes no conjunto o Arcebispo de Belo Horizonte D. João Resende Costa, o Arcebispo auxiliar D. Serafim Fernandes de Araújo e o Bispo auxiliar D. Arnaldo Ribeiro, juntamente com o Secretário de Estado de Obras Públicas Celso Mello de Azevedo para acompanhar de perto as obras finais. Já no dia 26 de janeiro o jornal informava que 310 famílias estavam vivendo no conjunto habitacional. No dia 28 o número já havia subido para 500 famílias transferidas por estarem desabrigadas após a enchente do Rio Arrudas. No dia 02 de fevereiro desabrigados das chuvas que se encontravam alojados no Grupo Científico Ramatis também foram transferidos. No dia 03 de fevereiro o Ministro do Interior Mário Andreazza, o Governador Francelino Pereira e o Secretário de Estado de Obras Públicas Celso Mello de Azevedo visitaram o Conjunto Morro Alto, em Vespasiano.


Diário de Minas, 20/01/1983.

Diário de Minas, 26/01/1983.

Diário de Minas, 28/01/1983. 

Diário de Minas, 02/02/1983. 

Diário de Minas, 03/02/1983. 



Chuvas e deslizamentos em Belo Horizonte.



No dia 19 de janeiro de 1983 uma matéria do Diário de Minas relatou as consequências do deslizamento de terra na favela Beco da Saudade que deixou 7 mortos, dentre eles 4 crianças, além de uma pessoa desaparecida. Os moradores retiravam seus pertences quando foram soterrados.

O jornal emitiu um alerta para o perigo de mais deslizamentos devido as chuvas que caiam na cidade naquela ocasião e salientou o fato da terra estar muito fofa e instável. A matéria diz ainda que o Estado poderia ser indiretamente responsabilizado pela tragédia, de acordo com o vereador e advogado da União dos Trabalhadores da Periferia de Belo Horizonte, Obregon Gonçalves: “Caso as pessoas que foram atingidas pelo desabamento venham promover uma ação cível contra o responsável pelo desmoronamento, e neste caso, estão afirmando ser a COPASA, o Estado estaria ligado por ser a Companhia responsável por água e esgoto de nossa cidade”.

A COPASA emitiu parecer se isentando de qualquer responsabilidade pelo desabamento ocorrido no Beco da Saudade. As redes de água pluvial, de esgoto, água potável, energia elétrica e telefone ficaram comprometidas na ocasião. 



Diário de Minas, 19/01/1983.

2 bilhões para a recuperação de Belo Horizonte em 1983.



Em janeiro de 1983 o jornal Diário de Minas veiculou uma matéria acerca da liberação de mais de 2 bilhões de Cruzeiros em recursos para a recuperação de Belo Horizonte após a enchente que atingiu a cidade. Os recursos deveriam ser, imediatamente aplicados, nas obras de recuperação da malha viária danificada. A Metrobel preparou um relatório sobre a necessidade de recuperação da capital após as chuvas, bem como os valores das obras.


Diário de Minas, 18/01/1983.

Situação de emergência em Belo Horizonte no início de 1983



A CEDEC declarou situação de emergência em Belo Horizonte, depois da tromba d’água do início daquele ano, que causou a enchente dos córregos do Nado e do Leitão, do Ribeirão do Onça e do Ribeirão Arrudas.

Diretores da Cruz Vermelha visitaram a CEDEC, oferecendo auxílio como abrigo, alimentos, assistência médica e roupas aos desabrigados. Houve ainda uma proposta feita pelos mesmos de uma campanha oficial de arrecadação de doações. A Secretaria Estadual de Saúde informou sobre a distribuição de um manual contendo considerações a respeito de medidas a serem observadas visando à prevenção de doenças.

Para o Diário de Minas, “mais uma vez ficou provado que Belo Horizonte não está capacitada para enfrentar problemas dessa natureza” e que a própria população também não está preparada, pois, não existe órgão que instrua como agir nestes casos.

A matéria faz uma relação dos locais mais atingidos pelas enchentes: Primeiro de Maio, Minas Brasil, Perrela, Cabana Pai Tomás, Nova Suíssa, Favela da Serra, Rua dos Guaicurus, Favela Santa Lúcia, Av. Silviano Brandão, Praça Rui Barbosa, Av. Santos Dumont, Trevo de Sabará, Av. Cristiano Machado, Anel Rodoviário na altura do bairro Padre Eustáquio, Av. Antônio Carlos, Rua Corumbá, Av. Méier, Pirajá, Favela São Bernardo, Ressaca, Av. Afonso Pena, Viaduto da Floresta, Via Expressa na altura da Rua Extrema, proximidades Da Toca da Raposa. 

A Rede Ferroviária Federal se encontrava parada devido a queda de barreiras e alagamentos nas linhas. A Federação do Comércio estimou que os prejuízos com as enchentes chegassem a 3 bilhões de cruzeiros. O presidente do Sindicato do Comércio Atacadista afirmou que o abastecimento de cereais e mercadorias como material de limpeza e higiene estava comprometido temporariamente.

A grande preocupação dos comerciantes era com a perda de documentos, livros contábeis e notas fiscais. Os mesmos manifestaram às autoridades alguns benefícios fiscais (protelamento do prazo para pagamento de impostos, parcelamento do ICM, abertura de novas linhas de crédito e prorrogação de dívidas bancárias).



Diário de Minas, 04/01/1983